domingo, 17 de junho de 2012

História do Karatê

A história do Karate perde-se no tempo. Formas de defesa pessoal que usavam os próprios membros como armas, foram vistas em muitos lugares do mundo em épocas bem distantes. A teoria mais aceita hoje sobre sua origem é a de que um monge – Daruma – vindo da Índia para a China teria trazido os ensinamentos de uma luta ao Mosteiro Shaolin.
Na China, sob a orientação de Dharma (Bodhidharma), e como os monges passavam muitas horas em meditação, permaneciam muitas horas imóveis, o que aliado aos meios de subsistência, faziam com que os monges se tornassem mais volúveis às doenças.
Então, Dharma, iniciou com estes monges a prática de uma atividade física, com o intuito de lhes estabelecer a força física e espiritual. Foi assim que nascia o Kempô e passado pouco tempo, pelas suas técnicas bastante eficazes, estes monges eram temidos principalmente pelos salteadores de estradas da época.



No século XIV, o Kempô foi introduzido em Okinawa. Lá se desenvolveu desmembrando-se em três escolas importantes. Mais tarde, no século XIX, esta prática sofre algumas alterações técnicas, introduzidas por Matsumura, e passa a ser designada por Karate. GinchinFunakoshi, após uma apresentação pública de Karate no Japão, em 1922, passa a ser considerado o grande renovador desta arte marcial, uma vez que foi o primeiro a conciliar o Karate com os aspectos físicos do desenvolvimento humano.
A vida em Okinawa sempre foi rude. Para se adaptar ao meio naturalmente hostil e extrair seu alimento de um solo fino e impróprio ao cultivo, o habitante de Okinawa precisou forjar a vontade, a tenacidade e a engenhosidade – qualidade que teria que ter ainda em dobro em face de sucessivos invasores que pretendiam subjugá-lo, a todo custo.
O instinto de sobrevivência faria surgir recursos de resistência, técnicas de combate a mãos nuas (ancestrais do Karate) ou com armas improvisadas (ancestrais do KoBudo – Sai, Bo, Nuchako, Kama, Tonfa, Chimbe, Tekko, etc). Pescadores e agricultores de índole talvez pacífica conheceram uma história tumultuada sobretudo pela opressão dos poderosos chineses e japoneses. Pela preservação da própria individualidade e hostis a toda tentativa de integração, geração, acabaram por forjar a alma do povo okinawense, como uma Segunda natureza.
Mas nada permite afirmar que essa arte tenha oficialmente sido introduzida na ilha por verdadeiros mestres. Esse primeiro impacto, ainda superficial, deu-se provavelmente na pequena cidade de Kumemura onde estava instalada a parte essencial do grupo de imigrantes chineses.
Em vez de, no entanto, se desistimularem, os oprimidos okinawenses viram no fato um motivo a mais para desenvolverem técnicas de combate apoiadas nas próprias mãos e em elementos de Chu-Fa (trazidos pelos chineses) ou a se bastarem com os instrumentos de uso doméstico de que dispunham, os quais seriam convertidos em novas armas (origem do Ko-Budo).
Precisamente ao dia 5 de abril de 1609, os Satsumas se atiram sobre Okinawa – que estava estão com meio milhão de habitantes – com uma frota a desembarcar 3 mil guerreiros. Okinawa caiu sob o julgo do clã invasor e assim ficou até o ano de 1879, data em que a ilha se tornou território japonês, incorporada ao Império de Matsu-Hito.
Problemas elementares de subsistência não tardaram a surgir. Conta a história, que finalmente os nativos obtiveram do conquistador o direito de cada aldeia possuir, a disposição, uma única faca, presa a grosa corrente na praça central, guardada por dois soldados.
A dominante das técnicas de combate a mão nuas era indiscutivelmente chinesa (ainda que, com o passar do tempo, se mesclasse com influência de outras) e reportava-se, no. essencial, à arte Shaolin – seus mais variáveis aspectos como os estilos dos animais, a ênfase à respiração e à força mental, a eficácia dos golpes desferidos nos pontos vitais do corpo. Em suma, as mesmas diretrizes do Kung-Fu.



Este último aspecto emergiria bem mais tarde, para tornar-se preponderante no século 19, seguindo assim com um pouco de atraso a mesma evolução conhecida pelo conjunto de Artes Marciais japonesas que evoluíram do Bugei (técnica de guerra) para o Budo (via da arte marcial).
         O Okinawa-Te revivia, assim, a tradição dos monges do mosteiro Shaolin, que eram perseguidos pelo policiamento imperial. Tecnicamente sabe-se bem pouco desse período obscuro do Karate, exceto que pés e mãos (pontas dos dedos, antebraço, cotovelos, joelhos) tornaram-se armas eficientes e rápidas, capaz de substituir as lâminas banidas. Não havia lugar para estética e, também, não se pode dizer que os estilos já haviam se individualizados naquela época. É mais sensato situar no século 18 a formação de três estilos básicos de Okinawa-Te: Shuri-Te – denominações provenientes dos nomes das cidades nas quais eram praticados. Também não se pode afirmar que já se praticavam alguns Katas – embora algumas fontes citem o Passai (antigo Kata praticado desde o século 14) e o Koshiki-Naihanti (antiga forma do Tekki), cuja posição em “cavaleiro de ferro” se adequaria bem às necessidades dos habitantes da ilha de treinar sobre rochedos.
GinchinFunakoshiconsiderado o pai do Karate, nasceu em 1868, no distrito de Yamakawacho, em Churi, sede administrativa de Okinawa e faleceu em 1957, aos 89 anos em Tókio.
Começou a praticar Karate em Okinawa com o mestre YasutsuneAzato, um homem alto e dinâmico que tinha batido muitos homens na sua época e, insuperável na arte do Karate em toda a Okinawa, além disso, primava na arte de equitação, esgrima, e do manejo do arco. Treinou, também, com outros grandes mestres, tais como: mestre Ki, que, Kiyuna, que usando a mão sem proteção, podia retirar a casca de uma árvore viva numa questão de momentos; mestre Toonno de Naha, um dos eruditos confucianos mais conhecidos da ilha; mestre Niigaki, cujo extraordinário bom senso impressionou-o profundamente. Mestre Matsumura, um dos karatekas mais notáveis e YasutsumeItosu, também, um dos mestres mais respeitados naquela época.
De físico pouco avantajado, GinchinFunakoshi sofreu muito nos treinamentos. Treinou muito KataTekki (Naihanchi) que durante muito tempo foi a base da arte. Desenvolveu força golpeando o makiwara e treinando com chinelo de ferro.
Sempre foi costume que o aluno treinasse com um único mestre e nunca o deixasse, mas mestre Azato pensava que não deveria ser assim, razão pela qual enviava seu alunos para treinar com outros mestres. Com isso Funakoshi teve a oportunidade de treinar com os mestres já mencionados.
Ansioso de perfeição, sua imagem refletia o mais completo Budoka e seu ideal era conseguir todo bem resultante da prática do Okinawa-Te.
Funakoshi passava todo o seu tempo livre treinando na casa do seu mestre, e só ia à casa para trocar de roupa. Devido às suas saídas noturnas para treinar, muita gente pensava que visitava bordel. Mas, um dia, passou sobre a cidade uma forte ventania, e viram Funakoshi subindo num telhado e praticando a força de suas bases (posições). Chegaram a pensar simplesmente que estava louco. Nunca adivinhariam que este homem, professor pobre cuja mulher trabalhava numa granja para angariar dinheiro para a família, seria um artista marcial respeitado mundialmente.
Além de mestre de Karate-Do, era como já vimos, exímio poeta e quando escrevia os seus poemas usava o pseudônimo de Shoto, que quer significa ondas de pinheiro. Ele usava este nome porque a cidade nativa de Shuri, local do seu nascimento, era rodeada por colinas com florestas de pinheiro RyuRyu e vegetação subtropical. Entre elas estava o monte Toroa. A palavra Toroa significa “cauda de tigre” e era particularmente adequada porque a montanha era estreita e tão densamente arborizada que realmente tinha a aparência de uma cauda de tigre quando vista de longe. Quando dispunha de tempo, costumava caminhar pelo monte Toroa, às vezes à noite quando a lua era cheia ou quando o céu estava tão claro que se podia ficar sob uma cobertura de estrelas. Nestas ocasiões, podia-se ouvir o farfalhar dos pinheiros e sentir o profundo e impenetrável mistério que está na raiz de toda a vida.
Em 1936, foi fundado o primeiro Dojo oficial de Karate, pelo Comitê Nacional e, devido aos feitos de mestre Funakoshi foi batizado com o nome de Shoto-Kan. Daí surgiu o nome de uma escola (estilo) que até hoje é cultivada em várias partes do mundo, a Shotokan, ou seja, Shoto, pseudônimo de Funakoshi, mais Kan, escola, formando Escola de Funakoshi.
O Karate que conhecemos hoje foi aperfeiçoado através de mais de sessenta anos pelo mestre GinchinFunakoshi. Portanto, ele é considerado o pai do Karate moderno.


FILOSOFI
O Karatê é um esporte-arte fundamentado nos princípios do respeito mútuo e equilíbrio corpo             mente, de forma a buscar o elevo do caráter e harmonia no convívio social procurando sempre a correção   dos erros numa visão de auto-estima e respeito ao próximo.
"Se o adversário é inferior a ti, então porque brigar?
Se o adversário é superior a ti, então porque brigar?
Se o adversário é igual a ti, compreenderá o que tu compreende...
Então não haverá luta.
Honra não é orgulho, é consciência real do que se possui."


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